sábado, 26 de outubro de 2013

Bacari Djaló

Jogador guineense de 30 anos já passou por 15 clubes

Sabe o que é um globetrotter?
É uma pessoa que viaja frequentemente e por sítios diferentes, quer seja em férias ou em trabalho. Bacari Djaló, avançado do Caldas Sport Clube, é o verdadeiro globetrotter do futebol nacional: passou por 15 clubes diferentes desde que chegou a Portugal e, curiosamente, nunca repetiu um clube duas temporadas consecutivas.
Vivia-se o ano de 2000 quando Bacari Djaló chegou a Portugal. Com 18 anos, saiu da Guiné-Bissau com o pai, devido à situação política complicada que o país vivia. Inicialmente com o objectivo de estudar na cidade do Porto, foi numa visita a Lisboa que o jovem jogador começou a carreira.
Um dia fui visitar Lisboa com a minha família e amigos. Fomos ver o treino dos juvenis do Sporting. Havia uma pessoa no clube que conhecia o meu pai e sabia que eu jogava futebol. Perguntaram-me se queria treinar com a equipa, após um treino de experiência, Bacari começou a treinar com a equipa dos juvenis e participou em alguns torneios com a camisola do Sporting. O facto de ser estrangeiro, impossibilitou que o guineense ficasse no clube, mas o futebolista garante que foi uma experiência muito boa.
Entretanto, surgiu uma proposta para jogar no Beneditense. Como era muito novo e era uma equipa da terceira divisão, achei que era bom para mim e decidi assinar contrato, explica.
Começava aqui a viagem por clubes e uma carreira com a casa às costas. No clube do concelho de Alcobaça, Bacari fez apenas dois jogos. Após uma passagem pelo Bidoeirense, que actua na quarta divisão, o jogador guineense chegou ao Sporting Pombal onde começou a dar cartas e a marcar golos.
No clube da terceira divisão, Bacari marcou seis golos em 38 partidas, mas no final da temporada transferiu-se novamente, para o Felgueiras, que viu no jovem Bacari uma promessa para o futuro.
Foi no Felgueiras que passei a história mais insólita da minha carreira, que envolve a empregada do hotel onde estávamos e um convite para um café na casa dela. No final, vim a descobrir que ela tinha namorado.
Os cinco golos marcados no Felgueiras não foram suficientes e, mais uma vez, Bacari mudou de clube, para o Famalicão, na altura a jogar na extinta terceira divisão. Em 26 jogos, o avançado marcou por 10 vezes.
Em 2006/07, Bacari chega pela primeira vez a um clube da segunda divisão, o Vitória de Guimarães, onde marcou apenas um golo, que bastou para ser chamado para a Seleção da Guiné-Bissau.
Guimarães foi das cidades onde joguei que mais me marcou, mas também gostei muito de jogar em Famalicão, porque foi o clube em que marquei mais golos.
Uma nova época começou em Setembro de 2007 e Bacari repetia a experiência de mudar novamente de clube. Se até esta altura, em seis temporadas, o jogador africano passou por seis clubes, entre 2007 e 2009, conseguiu o feito de jogar no Vila Meã, no Penafiel e no Ribeirão.

Porquê tantas mudanças?

Realmente é a questão que se coloca... sempre desejei ir mais longe e chegar a clubes com mais ambição, as propostas surgem e eu aceito.
É fácil adaptar-me a clubes novos todas as temporadas porque o país é o mesmo e fala-se a mesma língua. Mas também tive a sorte de ser sempre muito bem recebido em todos os clubes por onde passei, principalmente pelos colegas de equipa.

No início da temporada 2009/10, Bacari Djaló assina pelo Carregado, mas a meio da temporada, com dez jogos feitos e sem golos marcados, o avançado regressa a Famalicão. Novamente, é um dos melhores marcadores. Parece ser a cidade talismã de Bacari.
Sempre a mudar de cidade e a somar clubes ao seu currículo, o jogador guineense, na altura com 27 anos, assina pelo Bragança. Passou ainda pelo Viseu, Pinhalnovense, Juventude de Évora e, no início da actual temporada, com 30 anos, transferiu-se para o Caldas, que joga no recém-formado Campeonato Nacional de Seniores.

Tenho noção de que já passei por muitos clubes, mas, sinceramente, acho que isso até é bom. As pessoas reconhecem o meu valor e humildade e consegui fazer muitas amizades em todos os clubes por onde passei.

Seis jogos no Caldas e zero golos marcados é o saldo actual de Bacari, que mantém o sonho de chegar ao principal campeonato de futebol em Portugal, mas também de regressar à Guiné, projecto que adia para um dia mais tarde.
Em Portugal, o percurso de Bacari é caso raro. Em todas as temporadas, um novo clube. No entanto, o internacional guineense garante que a vida de jogador é mesmo assim. Resta saber se no final da temporada, Bacari Djaló irá continuar com a casa às costas ou se vai quebrar o seu próprio recorde.

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